Patrícia Bringel: “O Prêmio OAB-GO de Jornalismo estimula pautas sobre o difícil acesso à Justiça”

28/12/2011 Entrevista, Notícias

A jornalista Patrícia Bringel, repórter da TV Anhanguera, foi a grande vencedora das categorias Prêmio Especial do Júri e Telejornalismo do Prêmio OAB-GO de Jornalismo, entregue quinta-feira (22). Na entrevista a seguir, ela fala sobre as semelhanças da profissão com o Direito e sobre os bastidores de Meninos de Rua, reportagem com a qual concorreu. Para assistir o vídeo, clique aqui.

Você é jornalista e estuda Direito. Que carreira quer seguir após a conclusão?
A minha primeira opção sempre foi o Jornalismo. A decisão de cursar Direito veio de uma necessidade prática de entender melhor como funcionam os inquéritos policiais, os processos, a estrutura e os personagens da Justiça. A comunicação exige conhecimento em várias áreas, por que lidamos dia-a-dia com situações inesperadas, e o Direito dá base para tudo isso.

Há semelhanças entre Direito e Jornalismo?
O foco do Direito e do Jornalismo é o mesmo: a sociedade. O Direito regula as relações humanas e define o que é direito e o que é obrigação de todos nós cidadãos. Com base nas leis, o profissional de direito resolve os conflitos, que muitas vezes, são evidenciados por nós, jornalistas.

Desde quando quis estudar Direito?
Assim que terminei o ensino médio, passei no vestibular para Direito e para Jornalismo em universidades diferentes. Inicialmente, fiz a opção por me dedicar ao Jornalismo. Só que a vontade de fazer Direito continuou viva. Terminei o curso de Jornalismo na Universidade Federal de Goiás em 2004 e, cinco anos depois, tive a oportunidade de iniciar o curso de Direito.

Além da reportagem, você assina produção e edição de Meninos de Rua. Como surgiu a pauta?
Tive acesso à pesquisa censitária nacional e, com o calhamaço de papéis em mãos, percebi que no ranking dos estados, Goiás ocupava o sexto lugar com maior número de crianças e adolescentes em situação de rua. O censo ofereceu várias informações importantes sobre como sobrevivem esses meninos sem abrigos na capital e por que eles deixaram o próprio lar. A partir do levantamento, fui às ruas tentar uma abordagem amigável com esses menores. Confesso que não foi fácil no primeiro momento, mas o resultado valeu muito a pena. Todos os profissionais da TV Anhanguera envolvidos nesta reportagem, em especial o cinegrafista Edivaldo Salvador, que me acompanhou neste e em tantos outros trabalhos no ano de 2011, e ao editor-chefe do Jornal Anhanguera Primeira Edição, Renato Scavazzini, que investiu e apoiou toda a produção do material desde o início, foram determinantes para o resultado.

Pretende voltar ao tema?
Sim, inclusive estou monitorando os dois meninos que apareceram na reportagem. Um anda meio sumidinho. Quem sabe possamos vê-los no futuro numa situação diferente, mais digna? É sonhar demais? Eu me sentiria muito realizada se os dois garotos ganhassem de volta o aconchego de um lar.

Qual é a importância de uma instituição como a OAB-GO promover um Prêmio de Jornalismo?
Penso que o Prêmio OAB- GO de Jornalismo nasce grande como um estimulador de pautas investigativas, de reportagens produzidas sobre o difícil acesso da sociedade à Justiça e o (não) cumprimento das leis no estado de Goiás.

No Jornalismo, que visão se tem da OAB-GO como fonte de informação?
A OAB- GO conquistou um espaço importante como instituição sem amarras políticas ou econômicas, com liberdade para se expressar, analisar os fatos e se posicionar criticamente com foco no interesse público. Na reportagem Meninos de Rua, tive como fonte o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-GO, Alexandre Prudente, um advogado com alto nível de conhecimento e boa percepção da dinâmica social.

Fonte: Assessoria de Comunicação Integrada da OAB-GO

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