OAB plural: Roda de Conversa do Orgulho debate reconhecimento e aceitação LGBTQIA+

29/06/2022 Evento, Notícias

O reconhecimento e a aceitação foram os principais temas de debate na Roda de Conversa do Orgulho, evento promovido pela Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero (CDSG), Comissão da Mulher Advogada (CMA) e Comissão de Cultura (CC) da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO) na noite desta quarta-feira (29), no Centro de Excelência da CASAG, que teve seu prédio iluminado com as cores da bandeira LGBTQIA+ pela primeira vez.

Em comemoração ao mês do orgulho, o evento teve o objetivo de discutir os avanços da comunidade e os recentes desafios no âmbito jurídico, além dos direitos conquistados no Brasil, como a adoção de crianças por casais homoafetivos, retificação de nome e gênero e direito ao casamento e à união estável. Ao todo, cerca de 35 pessoas participaram do encontro.

A roda de conversa foi conduzida pela presidente da CDSG, Priscila de Sá, juntamente com a presidente da CC, Lídia Lamounier, a presidente da CMA, Fabíola Ariadne e a secretária-geral da Casag, Daniella Kafuri, que receberam a vice-presidente da Comissão Nacional de Diversidade Sexual e de Gênero do CFOAB, Amanda Souto Baliza e o psicanalista, sexólogo e ginecologista, André Márquez Cunha.

Durante todo o evento, a atual gestão da OAB foi aclamada por disponibilizar um espaço de troca e discussões plurais, especialmente relacionadas às pautas das mulheres, da comunidade LGBTQIA+, da população negra e das pessoas portadoras de deficiência. “Nós temos uma OAB plural, que respeita as minorias e a sociedade civil. A OAB tem que respeitar e acolher a todos. Tenho muito orgulho de receber vocês nesse evento hoje, porque não só essa, mas todas as lutas merecem reconhecimento”, celebrou Daniella Kafuri.

Transexualidade e aceitação

Ao dar início ao debate, em um relato pessoal e sensível, Amanda Souto contou sobre o período mais difícil de sua vida, quando iniciou a transição de gênero. “Desde a infância eu tive questões relacionadas à minha identidade, mas somente aos 27 anos que isso se tornou insustentável. Costumo dizer que a minha transição aconteceu aos poucos, sentindo a temperatura da água. Aparecia de unha pintada na rua, usava maquiagem e brincos e, de repente, comecei a me portar como Amanda para a sociedade”, relatou.

Segundo ela, logo após o início da sua transição, foi demitida do emprego. “A partir disso comecei a me envolver com os movimentos sociais os direitos das pessoas LGBTQIA+, e percebi que a advocacia é, de fato, uma profissão de mudança social. A advocacia é fundamental para nos auxiliar na luta por ser quem a gente é”, afirmou a vice-presidente da Comissão Nacional de Diversidade Sexual e de Gênero do CFOAB.

Para o psicanalista, sexólogo e ginecologista, André Márquez Cunha, existe uma infinidade de expressões da pessoa, inclusive relacionadas à identidade de gênero ou orientação sexual. O médico afirmou que “o maior problema da comunidade LGBTQIA+ não está na CID, está na exclusão. Por isso, o que falta para todos é a informação, e a Medicina precisa dos advogados, sobretudo os médicos e médicas que fazem atendimento às pessoas da comunidade, afinal existem certos desafios jurídicos que precisamos de auxílio”, disse.

Reconhecimento no ambiente de trabalho

Trazendo à tona a dificuldade que muitas pessoas pertencentes à comunidade LGBTQIA+ têm de ser quem são no ambiente de trabalho, a presidente da CDSG, Priscila de Sá afirma que, por esse motivo, ficou um ano e meio afastada da advocacia. “Eu achei que essa casa não era para mim e fui buscar na carreira acadêmica o que, na verdade, eu queria fazer como advogada”, relatou.

Como uma mulher lésbica, Priscila afirma que está “se reconstruindo dentro da OAB”. “Hoje eu consigo me fortalecer e quebrar barreiras para me relacionar com as pessoas, sobretudo no meu ambiente de trabalho que é a advocacia. Na nossa prática profissional, um lugar onde colocamos tanta energia vital, não podemos deixar de ser quem a gente é”, disse.

A presidente da CC, Lídia Lamounier, afirmou que os debates acerca da comunidade LGBTQIA+ devem ser contínuos. “Eu sinto que a pauta da diversidade acaba sendo sempre à parte das outras, e não deve ser assim. As  nossas pautas são as mesmas de todo mundo, são direitos civis básicos, direito de todos, todas e todes”, salientou.

Convidando a todos para participarem da CMA, a presidente Fabíola Ariadne afirma ser uma comissão plural. “Assim como a CDSG, o nosso objetivo na Comissão da Mulher Advogada é acolher todo mundo. Afinal, a pauta da mulher se junta à pauta LGBTQIA+, porque somos todos minorias que lutam por direitos fundamentais e básicos”, disse.

Ao final do evento, o romance lésbico “Entre elas: quando tudo acontece…” foi entregue a quatro pessoas que responderam corretamente às perguntas feitas sobre a comunidade LGBTQIA+.

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