Ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST) pelo quinto constitucional destinado à advocacia, a goiana Delaíde Arantes foi indicada para o Prêmio Faz Diferença, do jornal O Globo, na categoria economia. A votação popular vai até o dia 12 de janeiro e pode ser feita pelo site: fazdiferenca.oglobo.globo.com.
"Ex-doméstica, com uma história vitoriosa de vida, Delaíde ganhou destaque por ser oriunda de uma categoria profissional que, em abril deste ano, obteve os mesmos direitos dos demais trabalhadores, após 70 anos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Esses direitos, como a fixação de jornada de trabalho e o pagamento de horas extras, foram resultado da PEC das Domésticas, aprovada pelo Congresso após muita discussão. Por sua vez, a medida mexeu com a vida de milhões de brasileiros que ainda contam com a ajuda desses profissionais para garantir a participação mais efetiva de outros milhões de mulheres no mercado de trabalho", descreve o jornal no hot site do prêmio.
A ministra Delaíde Miranda Arantes foi contemplada, em outubro, com a 18ª edição do Prêmio Cláudia, na categoria políticas públicas. Conforme relatou a revista, a força de Delaíde ficou conhecida em Genebra, em junho de 2011, quando contou sua história às delegações das 183 nações que escreveriam a convenção sobre o trabalho decente para os domésticos do mundo todo.
Ela argumentou, na Organização Internacional do Trabalho (OIT), que os Estados deveriam oferecer ensino fundamental, médio e superior aos profissionais que lavam, passam e cozinham. Na ponta oposta, países europeus consideraram a faculdade um exagero. Delaíde – primeira de nove filhos de um pequeno produtor rural, a quem ela ajudava a plantar arroz, milho e mandioca – revelou que havia sido doméstica e que chegar à universidade, mesmo após quatro tentativas fracassadas no vestibular, foi o que lhe permitiu a ascensão a um tribunal de cúpula do Judiciário brasileiro. Suas palavras sensíveis foram decisivas, a ala europeia perdeu. No Brasil, a convenção deverá ser ratificada ainda neste ano.
A trajetória profissional da ministra é marcada por ter sido empregada doméstica durante a adolescência para custear a faculdade. Por este motivo, hoje Delaíde é conhecida pela defesa dos direitos das domésticas e vem marcando a vida das 6,5 milhões de pessoas desta categoria. Participa de debates na Câmara dos Deputados e no governo federal, esclarece e defende a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que igualou os direitos das empregadas aos demais trabalhadores.
“O Brasil é o maior empregador mundial de domésticas. Não podia tratá-las como subcategoria. Por 14, 16 horas diárias, elas cuidavam dos lares quase sem benefícios e até sem tempo para si e para os próprios filhos. A lei ajuda a sociedade a avançar, será bom para todos”, defende.
Sua primeira contribuição, em 1991, foi o livro O Trabalho Doméstico: Direitos e Deveres (AB Editora). Delaíde não se incomodou quando os colegas disseram que seria péssimo para a sua carreira ficar identificada como defensora de domésticas, embora tivesse advogado também por empresas.
Sempre atenta à mulher, a ministra votou no TST a favor da extensão do direito de estabilidade à gestante em contrato temporário e em qualquer categoria. “É uma forma de proteger mãe e criança, de promover dignidade humana”, afirma. Delaíde tem duas filhas, sete netos (três dela e quatro do marido, o ex-deputado Aldo Arantes), adora dançar e, aos domingos, fazer comida típica de sua Pontalina (GO) para a família.
“Ainda tenho a missão de educar meus netos para que dividam as tarefas em casa”, diz. Alguém que, na roça, aprendeu a ler sob a luz de lamparina e precisou subir num caixote para alcançar as panelas no fogão de lenha não está na vida pública a passeio.
Delaíde Arantes receberá em março do próximo ano o Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz. Ela está na relação das cinco mulheres premiadas. O diploma está na sua 13ª edição e tem o objetivo de homenagear as mulheres que atuam em defesa das causas femininas. A premiação é entregue por ocasião do Dia Internacional da Mulher.
Fonte: Assessoria de Comunicação Integrada da OAB-GO