Marduk Duarte: “Devemos ter a OAB como guardiã da ética em todas as discussões do País”

14/12/2011 Entrevista, Notícias

Marduk Duarte é presidente da Confederação Nacional dos Jovens Empresários (CONAJE). Advogado, integra as comissões de Direito Imobiliário e Urbanístico e Direito Empresarial da OAB-GO. Além disso é empresário e industrial goiano e ex-presidente da Associação de Jovens Empresários de Goiás (AJE). Em entrevista concedida ao Portal da OAB-GO, ele abordou questões que afetam o empresariado brasileiro. Confira:

Além da alta carga tributária, que outros fatores emperram o crescimento da economia brasileira?
Diversos entraves atrapalham o crescimento de nossos empreendedores. Podemos destacar a complexidade do sistema tributário: burocracia em todas as ações que focam o crescimento das empresas, alto custo da mão-de-obra e escassez da mesma; corrupção que desvia grande parte de nossas riquezas; entre muitos outros, que não permitem o Brasil ocupar o lugar de destaque que deveria no cenário mundial.

O chamado custo Brasil, que agrega os fatores citados acima, dentre outros, já virou uma tradição para explicar nosso ritmo de crescimento que, apesar de não ser tão lento, poderia ser bem mais rápido. Não podemos permitir esse comodismo e deixar que outros países menos ricos produzam mais que o nosso.

De que forma a advocacia pode ajudar o País a alavancar?
A advocacia tem uma força imensurável para colaborar com o crescimento do Brasil e precisa saber como atuar em parceria com o empresário. O advogado deve ser empreendedor em suas ações, sabendo que apesar do sistema legislativo complexo com inúmeros recursos como o nosso, devemos lutar pela justiça com ética e eficiência, sem utilizar as brechas do sistema para prejudicar o que quer que seja. Devemos ter ainda a OAB como guardiã da ética em todas as instâncias e discussões em nosso país.

O Brasil avançou em que aspectos em 2011?
O Brasil é um país de muitas diversidades, culturais, econômicas e políticas. Durante este ano, vivemos um momento de muitas mudanças, desde o novo Governo Federal, primeira vez assumido por uma mulher, e dos novos Governos Estaduais, que buscam, cada vez mais, alinhar suas ações e gestões ao crescimento do nosso país. Vimos a crise, eu diria, mais como expectadores do que mesmo como atores principais do processo dela. Tivemos uma pequena queda na Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia), o que pode estimular o consumo; daí, ganhamos um importante crescimento do poder de consumo das classes C e D. Porém, mesmo com quadros positivos na economia de nosso país, os nossos governantes ainda precisam compreender e, principalmente, trabalhar para conquistarmos a redução da carga tributária. Acredito que seja através da redução dela que trilharemos o caminho para o crescimento de nosso país, pois aumentaria o poder de compra, cada vez mais, e, consequentemente, aumentaria a arrecadação.

Outro ponto que precisamos atentar são os investimentos na infraestrutura de nosso país. Estamos pagando altos impostos, cada vez mais e mais, e ainda devemos deficiência nesse setor. O nosso crescimento estará sempre ligado aos investimentos feitos pelos nossos governos. E é função nossa, enquanto brasileiros pagadores de impostos, fazer a nossa parte e cobrar melhorias. O Brasil é um país que tem grande potencial, vemos isso quando sobrevivemos aos rombos dados pelas tantas cenas de corrupção, mas precisamos melhorar nossos planejamentos.

Quais são as expectativas para 2012?

Muito trabalho, principalmente, no que diz respeito à disseminação das políticas empreendedoras no Brasil, no fortalecimento das parcerias já existentes e conquistar novas. Em relação aos nossos governos, esperamos, cada vez mais, maior compreensão deles para redução da nossa carga tributária. Mais investimentos em infra-estrutura, educação (precisamos conscientizar nossas crianças e jovens dos seus papéis políticos e, principalmente como cidadãos), entre outros aspectos. A nossa gestão pública precisa se alinhar com as necessidades da população, de forma que todos possam ganhar. Crescimento é sinônimo de investimento. É um processo lógico.

Que avaliação o senhor faz de Goiás neste contexto econômico?
O Governo de Goiás teve um início preocupante com aumento de alguns impostos e com uma sede de arrecadar muito grande, o que até hoje tem prejudicado alguns setores. Nesse ponto, o Fórum Empresarial e o Fórum Empresarial Jovem devem ter uma postura de cobrança das promessas do Governador Marconi Perillo de que não aumentaria os impostos. Para tanto, aguardamos a revisão das medidas que foram tomadas como a substituição tributária dos micro e pequenos empreendedores.

Contudo, vemos grandes ações como os investimentos privados que a Secretaria de Indústria e Comércio tem conseguido para Goiás e isso cria um cenário importante para o empreendedor goiano. Ações como o projeto Minha Primeira Empresa, que visa crédito com capacitação, mostram a preocupação com a formação do empreendedor, algo raro no Brasil. Nos demais contextos, segurança, saúde e educação, esperamos resultados em 2012 e cobraremos isso de forma imparcial.

O senhor, advogado goiano, é uma das principais lideranças empreendedoras hoje no Brasil. Que importância credita a sua formação em Direito nessa representatividade?
Ser advogado e participar da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) me ajuda muito nas atividades industriais que exerço, pelo conhecimento da legislação e dos trâmites legais que podem ajudar muito nos negócios. A advocacia me trouxe uma visão além da empresa, com foco na prevenção e segurança jurídica nas ações empresariais e, principalmente, com a ética e comprometimento nas ações que exerço como líder dos jovens empreendedores de todo o Brasil. O advogado é um empreendedor e precisa atuar como tal. Para isso, a Conaje e a Aje Goiás estão cada vez mais próximas da OAB-GO e da Comissão da Advocacia Jovem da instituição, lutando para tornar Goiás e o Brasil mais justos e empreendedores.

Fonte: Assessoria de Comunicação Integrada da OAB-GO

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