Comunicar e debater o suicídio de forma responsável, sem qualquer glamourização ou mistificação, devem ser posturas adotadas por agentes públicos e privados para eficácia no cuidado e prevenção desta doença. Essa foi a mensagem do psiquiatra Luiz Antônio de Paiva, que palestrou na tarde desta quinta-feira (27 de setembro) durante a abertura do evento “Comunicar e Cuidar: estratégias de valorização da vida e promoção da saúde”, realizado na sede da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO).
Organizado pela Comissão Especial das Advogadas Voluntárias (CEVA), o evento faz alusão à campanha do Setembro Amarelo (#suicidionunca). Esta é uma parceria com Caixa de Assistência dos Advogados de Goiás (Casag), Escola Superior de Advocacia (ESA), Comissão de Direito Médico, Comissão da Mulher Advogada, Curso de Psicologia da Universo e Projeto Compartilhando Direitos.
A presidente da CEVA, Néli Cárita Máximo Figuerêdo, explica que o evento foi idealizado no sentido de esclarecer, orientar e rever os conceitos anteriormente criados acerca do suicídio. Ressalta que os números alarmantes de suicídios/depressão de crianças, jovens e adultos foram norteadores para que a CEVA encampasse esse projeto, o qual foi prontamente apoiado pela Diretoria da OAB/GO.
Acolhimento
O psiquiatra Luíz Antônio de Paiva alertou que o suicídio é tema de saúde pública, por ser uma doença que afeta tanto o indivíduo como a sociedade. “A sociedade perde pela pessoa, que deixa de ser elemento ativo e produtivo; os familiares perdem um ente querido. O suicídio não é de causa única. Mas é ato complexo e multifatorial. Precisamos tratar de todos os fatores sociais e individuais que são mandatários das vulnerabilidades de forma responsável e proativa”, afirmou.
Segundo ele, o suicídio pode ser prevenido. “As pessoas acometidas por esta doença começam a ter sua cognição estreitada pela dor intermitente, e só enxergam o suicídio como saída. Não há tratamento rápido. Temos de fazer aliança com as famílias para que façam vigilância e se afastem os o risco imediatos, até que reestruturemos o entendimento normal da pessoa, para que possa perceber o mundo ao seu redor, sua potencialidade e capacidade”, destacou.
Ele alertou sobre a responsabilidade de se comunicar sobre. “Pessoas acometidas pela tristeza profunda são vulneráveis à identificação projetiva, a imitação. Por isso deve haver cuidado ao comunicar, sem glamorização, como acontece com alguns ícones culturais. Mas debater o tema é necessário. Nisso, a OAB inaugura nova era ao debater um assunto importante para a educação e saúde de toda a sociedade”, destacou.
Ao longo da tarde, o evento prosseguiu com a realização de duas mesas redondas e debates. Em um primeiro momento, a psicóloga e psicanalista Ceres Leda Feliz de Freitas Rubio e o psiquiatra e psicoterapeuta analista Mauro Mendonça abordaram os fatores de risco e prevenção ao suicídio. O painel teve o psicólogo Igo Ribeiro na mediação e a advogada e representante da CDMS Nycolle Araújo Soares na presidência de mesa.
Após intervalo, os fatores de proteção e promoção de saúde foi o tema da segunda mesa redonda. Na mediação do debate, a advogada Ana Cárita Paes Leme conduziu as exposições feitas pelos palestrantes Thiago Cesar Fonseca, médico e psiquiatra, e Thaís Renata Q. Santana Carneiro, doutora e mestre em Psicologia clínica e Cultura pela Universidade de Brasília (UNB). A advogada e coordenadora do grupo de trabalho da saúde da mulher da CMA e membro da CDMS da OBA-GO foi a presidente de mesa.
Fotos: Leo Iran