Cícero, Tomás de Aquino, Martinho Lutero, Thomas More, Copérnico, Descartes, Montesquieu, Thomas Jefferson e Gandhi. O rol é exemplificativo e provoca a pergunta: o que personalidades tão distintas, no tempo e no espaço, têm em comum? Resposta: além da genialidade e de serem homens que contribuíram, cada um a seu tempo e modo, para o avanço das sociedades em que viveram, todos eram advogados e compartilharam característica típica dessa profissão: a coragem.
Cícero desafiou Júlio César; Lutero, a Igreja Católica; Copérnico, o geocentrismo; Gandhi, o Império Britânico – para ficar só nesses exemplos. Todos denunciaram abusos dos poderosos e por isso sofreram com a perseguição, o degredo, o ostracismo. Ainda assim mantiveram-se firmes em suas convicções e ao final venceram; suas ideias e ideais prevaleceram.
Neste Brasil de 2018, nunca a sociedade precisou mais da coragem dos advogados e advogadas. Vivemos tempos estranhos, em que a defesa, a principal razão de ser do processo, deixou de ser sagrada para se converter em atrapalho à sanha acusatória do Estado policial já instaurado no País; tempos em que os integrantes dos Três Poderes perderam – sem generalizar, mas em sua franca maioria – o senso de que são servidores do público e da nação para se converterem em agentes devotados a um desbragado patrimonialismo: a chamada res publica já há tempos é privada. Em meio a isso tudo, milhões de brasileiros desempregados ou submetidos a uma média salarial de R$ 2.154, de quem a cada dia o Estado exige mais dinheiro para bancar sua estrutura mastondôntica.
Repito: nunca a sociedade precisou mais da coragem dos advogados e advogadas, pois, se não a advocacia, quem haverá de defender o sagrado direito de defesa do cidadão? Se não a advocacia, quem haverá de defender a sociedade contra a voraz apropriação, pelo Estado, das riquezas produzidas pelos cidadãos? Se não a advocacia, quem para denunciar esse estado de coisas e exigir que os recursos públicos sejam aplicados em benefício do povo?
Que esse 11 de agosto sirva à advocacia para lhe inspirar a principal qualidade do advogado: a coragem; cujo testemunho foi dado pelos luminares acima; a coragem, que segundo Churchill é a principal virtude do homem, pois é ela que permite o exercício das demais. Coragem, advocacia de Goiás, para enfrentar os tempos bicudos que vivemos. Afinal, parafraseando Reagan, se não nós, quem? E se não agora, quando?