Advogado e professor, por Mônica Araújo

04/09/2015 Artigo, Notícias
Confira o artigo da conselheira seccional e presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-GO, Mônica Araújo, publicado na edição da última quarta-feira (2) do jornal Diário da Manhã.
Recentemente assisti, perplexa, a algumas manifestações nas redes sociais e acompanhei, em aplicativos de celular, mensagens que insinuam que ser professor-advogado ou advogado-professor é mais importante do que ser, simplesmente, advogado. A frase mais estúpida que li trazia um texto mais ou menos assim: “não tenho culpa se quem me representa não sabe dar aula”.  Então, sou menos advogado do que o advogado-professor?  
Ser professor é uma dádiva e uma escolha pessoal. No entanto, é bom que se esclareça, um professor de direito não precisa ser, necessariamente, um advogado.  Tais frases estampadas, empunhadas até por professores, ofendem a dignidade da advocacia, fere o decoro e é de gosto muito duvidoso. O recado que passaram é um só: “Se não sou advogado-professor, eu não sou bem sucedido, não sou ninguém”.  Olvidaram-se de que a maioria esmagadora dos advogados não são professores e inúmeros possuem uma carreira brilhante sem se dedicar ao magistério. 
Preocupados somente com sua política, esqueceram-se dos demais e ofenderam aos que não são professores. Não estou fazendo críticas aos colegas que são professores, até mesmo porque também sou. Minha crítica faz referência ao respeito que deve coexistir entre aqueles que não querem ministrar e os querem, uns tão brilhantes quanto os outros. Não bastasse, vejo diversos alunos ativamente envolvidos no processo eleitoral da OAB em redes sociais e, principalmente, em aplicativos de celular onde produzem ilações criminosas contra advogados.  
Não quero acreditar que se ativam a mando ou induzidos por professores o que seria absurdo, esdrúxulo e vergonhoso.  O que mais espanta é que esses mesmos alunos não possuem sequer direito a voto nas eleições da OAB, que se avizinha. Porém, estão participando, defendendo interesse de candidato, induzidos ou não, sem ainda se darem conta de que os reflexos na vida serão por eles próprios suportados. 
Os ataques pessoais proferidos por esses alunos aos advogados atingem a toda advocacia. Ao se comportar dessa maneira, esses multiplicadores, que nem ou mal iniciaram sua carreira jurídica, traçam uma conduta desaprovada pelo mercado profissional, seja qual carreira jurídica estimem exercer.  Como professora, peço respeito, e o não envolvimento da profissão em atitudes de menor importância. Como advogada, que exerce uma das profissões mais belas desse mundo, exijo consideração. 
Como advogado-professor, não sou mais e nem menos do que um professor ou que um advogado. Eu respeito os professores e é uma pena que alguns profissionais não respeitem os advogados, na mesma proporção. O professor deve ensinar aos alunos o respeito às pessoas e profissões, além de pregar a aplicação da ética e a moral no meio social.  
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