Leia artigo da presidente da Comissão de Direito Homoafetivo e conselheira da OAB-GO, Chyntia Barcellos, publicado sábado (26) no jornal “O Popular”.
“Sem querer dar todos os créditos aos americanos e a par das resistências republicanas a Obama, o discurso da posse de sua reeleição empolgou seus eleitores e o resto do mundo ao falar da igualdade e das minorias. Um presidente que, embora não deixe de frisar a superioridade americana, acerta em cheio e acompanha a tendência mundial ao discursar sobre a vida, a liberdade e a busca da felicidade para todos, dentre eles as mulheres, os imigrantes e os gays.
Não podia ser diferente. Obama foi reeleito com 51% dos votos e a ode às minorias é coerente. Depois de uma eleição acirrada, agora é hora de colocar os planos em prática, já que os primeiros quatro anos foram para organizar os danos deixados pelo antecessor. Em suma, a crise é resultado do aumento de impostos para os mais ricos. São justamente estes que manifestam rejeição à implantação das nominadas “leis igualitárias” a favor das mulheres e das minorias. Além disso, contestam a aprovação de leis de imigração e ainda resistem aos tratados acerca do meio ambiente.
Sobretudo, é preciso sintetizar que a referência “nós, o povo”, feita cinco vezes pelo presidente americano reeleito, no discurso à sua plateia, sinaliza as mudanças. Embora direitos estejam sendo alcançados pelas minorias, estas ainda sofrem e padecem em um sistema de políticas públicas quase inexistentes. Por isso, quando a maior economia do mundo (mesmo em crise) lança o olhar para o lado, o mundo se curva e agradece, já que estamos todos justapostos, independentemente de riquezas, status social, sexo, cor, raça e orientação sexual. Tal reverência vem do reconhecimento, apesar dos pesares, de que esta reeleição é histórica e emblemática.
Pela primeira vez no mundo a população americana decidiu pelo direito ao casamento homossexual em três Estados americanos, votando por meio de um referendo acoplado à eleição em novembro de 2012. Sem contar que em nenhum país do mundo, um presidente foi tão específico, direto e entusiasmado ao falar dos gays. Não houve nenhuma restrição, incômodo ou medo, características estas visíveis no governo da presidenta Dilma.
É fato que os Estados Unidos têm uma trajetória de grandes lutas relativas aos direitos civis das minorias. Diante desse histórico, Obama fez questão de enfatizar em seu discurso que “nossa jornada não estará completa enquanto nossos irmãos e irmãs gays não forem tratados como todas as outras pessoas perante a lei. Pois, se somos verdadeiramente criados iguais, então com certeza o amor que dedicamos uns aos outros também deve ser igual”. Mesmo reconhecendo o imperialismo, as falhas e o capitalismo exacerbado, o sentido de igualdade nacionalista (e progressista) proposto nos enche os olhos e faz pulsar os sentimentos, já que tudo soa humanidade e luz para os novos tempos.”