Orador da turma de compromissandos destaca função do advogado

29/11/2007 Antiga, Notícias

 


Discurso do advogado Henrique Alves Luiz, orador da turma de compromissandos que recebeu a Carteira do Advogado na sessão solene da OAB-GO desta quarta-feira (28).


 


Boa noite! Cumprimento à mesa na pessoa do Ilustríssimo Dr. Miguel Ângelo Cançado, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Goiás, cumprimento meus colegas, mais novos advogados deste Estado, cumprimento as senhoras e senhores aqui presentes nesse momento tão feliz e significativo.


Significativo não só para nós, que agora teremos a responsabilidade de proteger o direito à vida, à liberdade, dentre outros. Não importa sob que forma se dê essa proteção. Significativo para professores e mestres, por poderem observar nesse exato momento o fruto de seu trabalho se tornando semente de esperança da justiça social. Significativo para os pais e mães, esses que se realizam mais em nós do que em si mesmos. Significativo para a sociedade. Sobretudo significativo para a sociedade, pois que fique essa solenidade como mais um sinal à sociedade de que a justiça não esmorece e, portanto, àqueles que pretendem ser um agente dela também não perdem as forças.


É comum, muito comum a tentativa de desmoralizar os juristas em todas as formas de sua expressão. Critica-se o juiz, o promotor, o advogado, o delegado. Critica-se todos. E por vezes tentam imputar à todas atividades jurídicas, os erros que podem ter sido cometidos por uma ou outra pessoa.


Então que seja significativo pra sociedade, tal qual um grito de desabafo. Os juristas e as instituições por eles sustentadas não esmorecerão e não sucumbirão à crise moral que a todos abala e que a tudo corrói hoje em dia.


O país está mergulhado numa profunda crise. Escândalos, mentiras, falsas versões, malhas intestinas de corrupção, conluio entre o poder público e os interesses privados, falcatruas por todos os lados – essa é a triste moldura da República Federativa do Brasil.


A Pátria, de tanto ver parcela de sua representação política mergulhada na devassidão, na mediocridade, na obscuridade, no poço da indecência, operando práticas ilícitas, vai afastando as esperanças e os anelos coletivos.


Falei há pouco sobre nossa responsabilidade de proteger o direito à vida e à liberdade e vejam vocês que essa tarefa a nós delegada deve ser o grande alimento para a labuta diária de enfrentar dificuldades e críticas. Afinal a vida e a liberdade são os maiores vínculos entre o homem e a eternidade. Defende-las significa defender, os próprios mandamentos divinos, o direito do homem de ser realmente imagem e semelhança de Deus, pois não há como se falar em criador se não se falar em uma criatura viva e livre.


Enfim, toda a nossa idéia de justiça está inexoravelmente ligada à idéia de um Deus vivo. E se Deus é justiça, Jesus é o nosso advogado como bem disse o apóstolo João no segundo parágrafo de seu primeiro livro Bíblico: “se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo.”.


Portanto, meus caros colegas, eis um novo mandamento. Não divino, mas humano. Extremamente necessário em nossos dias e em nossas vidas a partir de agora. Não esmorecerás!


Enfrentaremos as dificuldades do mercado de trabalho, o medo de um profissional em inicio de carreira, as tristezas de algumas derrotas e sempre nos diremos esse mandamento: não esmorecerás. Porque, em verdade, dificuldades nós já enfrentamos nesses últimos anos:


Pesados volumes, páginas sublinhadas, dobradas, anotadas, na estante do nosso conhecimento. Provados em centenas avaliações, provados no exame da ordem. Nos lembremos também das xerox das aulas perdidas, dormidas, só eu tenho 1.376 folhas de caderno, 1.346 páginas escritas a mão. Tempo perdido? Absolutamente. Foram varias aulas na universidade, outras tantas em preparatórios. Por tudo isso, não tenho duvida alguma em afirmar, Dr. Miguel, esta turma é, senão a melhor, uma das melhores que já passou por este auditório.


Devemos falar aqui, da alta conceituação pública que alcançou a, agora, nossa corporação, que deita raízes na presença sempre marcante dos advogados em todos os grandes momentos da história deste País.


Sempre compromissados com o Direito e a Justiça, valores sociais que nos incumbe preservar, sem transigir com situações vexatórias de arbítrio, de ilegalidade, de injustiça, de falta de patriotismo, de poder, de responsabilidade.


Infelizmente, diante do quadro nacional de desgoverno, de insegurança, de sentimento de orfandade, não podemos calar nossas vozes, porque os advogados, ao longo da história, têm sido cidadãos por vocação e homens públicos por temperamento.


Em horas tormentosas, a OAB, como trincheira cívica, deverá apresentar-se pronta para reagir à instabilidade que nos ronda e à ameaça da reescalada autoritária no País.


Não devemos ter partido político, nem sectarismos ideológicos. Devemos Cultivar a neutralidade e não a indiferença.  Mas devemos ter compromisso claro com a lei e a cidadania. A Constituição Brasileira, estabelece, em seu artigo 133, que “o advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei”.


Ao alçar o advogado ao nível de “preceito constitucional”, o constituinte brasileiro definiu-o para além de sua atividade estritamente privada, qualificando-o como prestador de serviço de interesse coletivo.



Não há outra profissão com status equivalente. Para alguns, trata-se de privilégio, mas, na verdade, trata-se de compromisso com a coletividade, verdadeira promissória social, que excede os deveres corporativos e nos torna homens públicos, ainda que sem mandato político ou cargo no Estado.


Nós iremos processar, pedir, reclamar, contestar, defender. É para isto tanto lutamos, e para chegarmos aqui, nossos pais, amigos, namorados e namoradas, esposas, maridos, filhos de alguns, abriram mão da nossa companhia. Agora, estão com razão, orgulhosos, e nós, honrados…


 E é, com imensa honra, e mais, com muita responsabilidade que recebemos esse mérito. Agora quem vai nos cobrar é o mundo, uma sociedade ávida por justiça social. Todos a nossa volta nos chamarão de doutores, esperando de nós uma resposta.  Seremos chamados de doutores por aquele que passa pelo maior problema da sua vida. Vamos ser os procuradores de quem foi enganado.  Quem vai nos olhar e pedir ajuda é a vítima de um crime.  Vamos socorrer quem quer que esteja sentindo o mundo inteiro o acusando. Nessa hora, nós é que seremos chamados, porque temos o direito e vamos operar, o mecanismo da justiça no Brasil.


Estamos preparados para isto. Mas, não temos a ilusão de que nos será possível construir uma sociedade sem defeitos, livre de endemias morais como a da corrupção. Devemos sim, ter a certeza, que iremos, no mínimo, lutar pela ética, atuar com transparência e mais uma vez na história, mostrar que nós advogados, somos e seremos os paladinos da sociedade para que o estado democrático de direito seja mantido e respeitado.


Que percorramos os caminhos do nosso futuro de uma forma a deixar exemplos. Tão fortes como os ensinamentos de nossos pais.


Aprendemos muitas coisas nesses anos todos. Mas não aprendemos nada que pudesse substituir o sincero, honesto, emocionado e muito verdadeiro:


 


Muito Obrigado!


 


29/11 – 14h50

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