Fisiologismo na sua pior forma, por Henrique Tibúrcio

13/05/2013 Artigo, Notícias

Confira o artigo do presidente da OAB-GO, Henrique Tibúrcio, publicado na edição deste sábado (11), no jornal O Popular.


O fisiologismo político, que emprestou da biologia o termo, significa a condenável prática de partidos ou políticos, independentemente de ideologia ou conteúdo programático, aderirem ao governo vigente, visando geralmente, a obtenção de cargos e proximidade com o poder.
No Brasil, essa realidade é tão disseminada, que, para o eleitor, o partido a que pertence cada candidato é o que menos importa. Vota-se na pessoa, sem questionar qual a sua vertente de pensamento ou a sua linha de atuação política. Partidos se coligam, a cada eleição, com diferentes outros partidos, ainda que ideológica e completamente antagônicos.  Na eleição para prefeito alguns partidos são oposição; na de governador estão unidos.
Essa nefasta e condenável prática reduz a importância dos partidos e fomenta cada vez mais a criação de pequenos partidos, sem a mínima representação e despidos de qualquer orientação ideológica, simplesmente para servirem de aluguel para legendas maiores e permitir também que seus integrantes possam morder um naco do poder, praticando mais fisiologismo.
A equação já é rotina, e não mereceria sequer estas linhas para tratar de assunto tão banal. Mas um fato recente nos chama a atenção, por elevar o fisiologismo aos mais altos níveis de escárnio com o eleitor. Nunca se havia presenciado ousadia tão abjeta como a protagonizada pelo vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos. Eleito por uma chapa encabeçada pelo maior partido de oposição ao governo federal, aceitou o convite para ocupar o recém-criado – sob encomenda, ao que parece – Ministério da Micro e Pequena Empresa. O que repugna mais é que o fez sem renunciar ao mandato no governo paulista.
Pode-se alegar, como têm feito alguns, que a prática não é ilegal. Discutível. Indiscutível é a imoralidade, a aparência de oportunismo barato. 
Ninguém se peja, ninguém se ruboriza, não se envergonham de nada. Tudo é válido, a honra se joga ao rés do chão, o que importa é encontrar uma teta para abocanhar.
O dito popular há muito ensina que “quem serve a dois senhores a algum há de enganar”. Não há dúvida, porém, que uns já foram enganados: os eleitores, que assistem, incrédulos, o vice-governador ofertar uma vela para Deus e outra para o diabo. Chegamos ao fundo do poço na história de vergonha e descrédito da política nacional? Ou dá pra descer mais ainda? Aonde vamos parar, então? 
Que os céus tenham piedade de nós!
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