II Conferência Estadual da Mulher Advogada debate maternidade, direitos das mulheres na advocacia e violência política de gênero

22/06/2023 Evento, Notícias

O segundo dia da II Conferência Estadual da Mulher Advogada, evento realizado pela Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO), por meio da Comissão da Mulher Advogada (CMA), debateu a maternidade, os direitos das mulheres na advocacia e a violência política de gênero. 

O evento segue até às 17h desta quinta-feira (22), e ainda discutirá políticas públicas no combate à violência doméstica no Brasil, a disparidade de gênero na advocacia, a atuação jurídica com perspectiva e o lawfare de gênero. A conferência acontece no Auditório Eli Alves Forte, sede da seccional, em Goiânia.

No primeiro painel, a secretária-geral adjunta da OAB-GO, Fernanda Terra, destacou o capital invisível investido na maternidade. O debate também contou com a participação das diretoras da CMA, Flávia Gerlach e Jorcélia Passinato, e da conselheira Priscila Rezende, além da advogada especialista em Direito das Mulheres, Ana Lúcia Dias.

“A instituição maternal é uma construção do patriarcado. Precisamos falar dos nossos direitos, nós temos muita legitimidade para isso”, disse Fernanda Terra.

Ana Lúcia, por sua vez, destacou que as mulheres não podem ser penalizadas por serem mães. “O que eles chamam de amor, é trabalho não remunerado. Nós sustentamos o capital com esse trabalho gratuito para os homens. A nós, é cobrado um valor muito caro, que é o valor da nossa saúde. Amo ser mãe, mas não posso ser penalizada por ser mãe”, disse.

Mulheres e suas intersecções 

A advocacia como estratégia de conquista dos direitos das mulheres e suas intersecções foi tema do segundo painel, que contou com a participação da vice-presidente da Casag, Néli Cárita, da conselheira seccional Amanda Souto, e das advogadas Vercilene Kalunga e Adriana Inory.

“Ser uma mulher quilombola em um país estruturalmente racista tem sido um exercício de muita paciência, jogo de cintura e sabedoria. O exercício advocatício é de muito risco para nós mulheres”, afirmou Vercilene, que é doutoranda em Direito pela UnB.

A primeira indígena da etnia Kanamari na advocacia, Adriana Inory destacou que vivemos em uma sociedade ainda muito racista e preconceituosa. “Sou presidente da Comissão Indígena da OAB, mas isso não me blinda de racismos diários, inclusive por advogados. Isso é muito triste”, relatou.

Participação das mulheres na política 

A PEC da anistia e a violência política de gênero foram temas de debate do último painel da manhã, que contou com a participação das conselheiras seccionais Eliane Simonini e Thais Moraes, além da advogada Lúcia Vânia e a vereadora Andreia Rezende.

“Se estou aqui hoje é porque tiveram mulheres que me antecederam e abriram as portas. Em 90 anos de história, essa é a segunda vez que a advocacia goiana para para discutir as diferenças do exercício profissional das mulheres, sendo a primeira vez em 2018. Isso é uma forma de fazer política, política classista que envolve toda a sociedade”, disse Thais Moraes.

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